Como o estresse e a liberação de cortisol podem atrapalhar o seu sono
- Rafael Maisonnette de Araujo
- 21 de mar.
- 2 min de leitura
Atualizado: 1 de abr.

Nem sempre é um leão à espreita. Às vezes, é só uma discussão de casal, um vizinho barulhento ou o filho que chega da balada às três da manhã. Situações que parecem pequenas, mas que colocam o corpo em estado de alerta — e, com isso, fazem o cortisol, o hormônio do estresse, subir no exato momento em que ele deveria estar em baixa para permitir uma boa noite de sono.
O cortisol, naturalmente, segue um ritmo diário: ele costuma estar mais alto pela manhã, ajudando no despertar e na disposição, e vai diminuindo ao longo do dia, permitindo que o corpo entre em um estado de relaxamento quando anoitece. Mas basta uma briga, uma preocupação, ou até uma luz acesa no momento errado, e esse ciclo se desregula.
Imagine um casal que discute à noite: um deles tenta dormir, mas o corpo ainda está em alerta. O outro desconta o estresse no travesseiro — literalmente — com episódios de bruxismo. Ou pense naquela mãe que passa a noite em claro, remoendo uma conversa difícil com o filho. Ou o avô, que até tinha conseguido pegar no sono cedo, mas acorda assustado com o neto entrando no quarto depois da balada, quebrando o silêncio da madrugada. E o vizinho que resolve virar DJ no horário que o idoso costuma se preparar para dormir? Pois é. Nem vamos falar da televisão ligada o tempo todo — esse é um capítulo à parte na vida de muitos casais.
Esses episódios cotidianos, por mais banais que pareçam, têm o poder de acionar a resposta de estresse do corpo, o que inclui o aumento do cortisol. E esse aumento, à noite, pode dificultar o início do sono, comprometer a continuidade do sono profundo e interferir nas fases de sono REM — justamente quando sonhamos e o cérebro realiza funções importantes para a memória e o equilíbrio emocional.
Sonhos estressantes, por exemplo, também podem ser alimentados por esse estado de alerta mantido ao longo do dia ou da noite. E assim o ciclo se repete: estresse que gera mais estresse, sono ruim que alimenta irritabilidade no dia seguinte — e tudo começa de novo.
A verdade é que, muitas vezes, não dá para eliminar completamente as fontes externas de incômodo. O vizinho barulhento, o parceiro com hábitos diferentes, os desafios familiares... Mas é possível cuidar de como o corpo e a mente reagem a esses estímulos. Práticas de relaxamento antes de dormir, uma rotina noturna mais tranquila, ambientes silenciosos e escuros, e, principalmente, o reconhecimento de que o sono precisa ser protegido — não como um luxo, mas como uma necessidade vital.
Caso você sinta que o estresse do dia (ou da noite) tem afetado sua qualidade de sono, vale a pena procurar ajuda. A psicologia do sono pode contribuir muito para reorganizar essa relação com o descanso, identificar padrões emocionais que estão interferindo no sono e promover estratégias eficazes de regulação.
Dormir bem não é só “desligar o corpo”. É cuidar da mente, das emoções, e até mesmo das relações. Às vezes, isso começa com algo simples — como negociar o volume da televisão.
Rafael Maisonnette de Araujo
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